20 de abr. de 2009

Como dizer que tudo é paz na Brás?

Diferentemente do que afirma Eduardo Trindade em seu post - Pauta impossível, ainda que desejada - não há assunto que não possamos cobrir no Enfoque Vila Brás, em especial quando diz respeito aos anseios e necessidades dos moradores. Esta conclusão é pessoal dele, e não se refere ao processo da disciplina. As pautas, no Enfoque, são discutidas com e pela turma, estando nas mãos desta a decisão de publicá-las ou não, desde que digam respeito à Brás. Por isso soam estranham as referidas "ordens" que ele diz não querer contrariar. De quem são, afinal, estas ordens?

Outra questão: "Apesar do que parece e do que viemos publicando, infelizmente, nem tudo é paz e amor na Brás". Como dizer que tudo é paz na Brás tendo o próprio jornal publicado, por exemplo, matéria falando das crianças que são vítimas de violência; de chaminés que caem, pessoas que invadem terras por não ter onde morar e ausência crônica de locais de lazer à comunidade, para ficarmos em alguns exemplos? Ou o blog, por meio de novas e sucessivas reflexões que são feitas sobre os problemas da violência na comunidade? Uma leitura mais atenta do jornal veria que, infelizmente, nem tudo é paz e amor na Brás.

A diferença, insisto, reside em compreendermos que o Enfoque é um jornal que dá voz aos que usualmente não a tem, mas também observar que, para isso, é preciso um pouco mais que pressa.

5 comentários:

Eduardo Trindade disse...

Em nossa primeira reunião de pauta onde foi apenas o Cabeça, perguntamos sobre a possibilidade de fazer algo sobre o tráfico e ele disse que não sabia de nada e que não era legal falarmos sobre isso. Disse ainda, que se tinha ele não sabia de nada. Lembro bem disso. Pra bom entendedor...

Demétrio de Azeredo Soster disse...

Ou seja, a fonte sugeriu que não havia nada sobre este assunto e o jornalista, ao invés de checar a informação que dispunha, aceitou o argumento desta, tomando-a como verdade e se calando então. Quem perde com isso? De meu ponto de vista, todos. Perde, em primeiro lugar, o jornalista, que deixou de cumprir com sua obrigação. Mas perde também a fonte, por maquilar a realidade; deixando escapar entre os dedos, com isso, uma chance preciosa de, quem sabe, interferir neste mesma realidade, tão sombria, tão palpável. E perde, sobretudo, a comunidade que lê o jornal, à medida que, por uma suposição, este mesmo jornal deixou de ser melhor do que poderia ter sido. E quando isso ocorre, é ruim para todos. Sugestão, meu caro: da próxima vez, por ocasião de uma reunião de pauta, antes de supor o que quer que seja, observe a realidade como ela se apresenta, e não como as fontes eventualmente querem que ela seja. A isso damos o nome de jornalismo.

Eduardo Trindade disse...

Demétrio, não foram apenas as fontes que sugeriram não saber nada sobre o assunto. Tu mesmo disseste, logo em seguida a esta intervenção do Cabeça, que havia alguns assuntos que não deveriamos pautar, pois quando o jornalismo se dedica a fins políticos ele acaba se perdendo. Lembras disso?
Só que ao mesmo tempo em que isso nos foi dito, para evitarmos polemizar a questão do tráfico, vemos a reportagem principal do jornal com Ari Vanazzi na foto. Me pergunto, então, qual é o tipo de política ao qual não podemos servir?
Mas tudo bem. Não pretendo mesmo dar uma de Tim Lopes da Vila Brás. Apenas quis registrar (e não vejo problema nisso) no embalo do que já dizia o outro post, uma vontade da comunidade que, por motivos de segurança do repórter (não outro), não pode ser abordada.

Demétrio de Azeredo Soster disse...

Não coloque palavras em minha boca, Eduardo; eu não lhe dou autorização para isso. Se você tivesse prestado um pouco mais de atenção à primeira reunião de pauta, teria observado que eu não disse, em momento algum, para evitarmos polemizar "a questão do tráfico", como você afirma, porque esta é uma "questão política". Esta é, novamente, uma suposição sua. O que salientei, isso sim, é que deveríamos evitar matérias de difícil resolução, como a do tráfico, sem termos dados concretos que a justificassem/amparassem. Apenas isso. Você acreditava nesta matéria? Acha que ela deveria ter sido feita? Então por que não a defendeu mais? Por que não argumentou mais? Você acha que está correta esta postura a um jornalista?
Por outro lado, quem falou em política? É evidente que quando o jornalismo se dedica a fins políticos ele acaba se perdendo. Mas o que isso tem a ver com o tráfico de drogas na Brás? O que é que você está querendo dizer quando afirma que a matéria sobre o tráfico foi evitada por causa de política e, estranha, nesse ínterim, a cobertura da inauguração da Associação dos Moradores, onde evidentemente compareceu o prefeito de São Leopoldo e, como tal, foi citado? Você acha que o evento não deveria ter sido coberto? O que uma coisa tem a ver com a outra, rapaz!? O que você quer dizer, afinal de contas, com "motivos de segurança do repórter"? Também não entendi.
Se você prestasse tanta atenção ao processo do Enfoque quando às suas próprias suposições e idiossincrasias, não faria perguntas tão descabidas quanto "qual o tipo de política ao qual não podermos servir?". E passaria, quem sabe, a respeitar mais a disciplina e, nela, seus colegas e o professor.

Eduardo Trindade disse...

É, quem sabe. Buenas, vou ficando por aqui.