28 de set. de 2008

A dura realidade

Este ano fiz um estágio na prefeitura de Porto Alegre. Durante seis meses tive a oportunidade de conhecer inúmeras vilas da capital, que nunca pensei em pisar. A situação de todas é parecida. Descaso e muita pobreza. Não fiquei chocado com o que vi na vila Brás. Afinal, esta é a realidade periférica cotidiana de um país de terceiro mundo. Mas fiquei incomodado. Se por um lado,particularmente, fui extremamente bem recebido pelos moradores (que inclusive me convidaram para voltar e tomar um chimarrão)por outro conheci mais um pouco da pobreza na região metropolitana. A primeira matéria que fiz foi com um morador que estava aterrando o pátio da casa para ampliá-la. Como é uma área invadida e irregular, ele não sabe o que poderá acontecer amanhã. É um verdadeiro tiro no escuro. Mas a situação mais complicada é a de um rapaz conhecido como "Pernambuco". Ele, a mulher e as duas filhas moram num casebre. Dentro da casa eles têm apenas uma cama de casal (onde todos dormem) um armário com as roupas, um fogão, um balcão e uma mesa. Tudo numa peça só. O problema que a família enfrenta, além da miséria, é o esgoto no pátio. Como o local não tem infra-estrutura, os moradores largam a água de suas casas no pátio. Como a casa do rapaz é num terreno mais baixo, o esgoto acumúla nos fundos. Fiz uma foto dele com as crianças no colo e a água no joelho. Não é sensacionalismo. Foi a forma que encontrei de mostrar a lamentável situação humana. Peguei uma das meninas no colo (de 2 anos). Por um instante fiquei imaginando o futuro daquela menininha. Embora todos os manuais de jornalismo recomendam que o repórter mantenha distância dos fatos, é impossível entrar na vila Brás e não se envolver com o que é visto por lá. Compreendi um pouco mais sobre a responsabilidade e o compromisso do Enfoque!

0 comentários: