11 de set. de 2009

O exercício de olhar para o lado

Ser jornalista é aprender a olhar para o lado. Aliás, olhar para todos os lados, como ensinou, muito bem, Eliane Brum. Ter uma pauta a cumprir pode significar, as vezes, ignorar o que está nos nossos olhos. Mesmo sob todas as recomendações de abrir os olhos e os ouvidos, quase deixei passar uma grande história. Enquanto eu e Fernando caminhávamos, dois senhores andavam lado a lado conosco, embora um pouco distantes, quase do outro lado da rua, e diversas vezes falamos "vamos parar e entrevistar essa dupla?", mas diversas vezes desisitmos. Até que... perdemos a timidez (se é que temos o direito de ter timidez), atravessamos a rua e descobrimos uma grande história, que jamais poderia estar na nossa reunião de pauta.

Trata-se dois irmãos, um deles com síndrome de down, que diariamente percorrem dois quilômetros na principal rua da Vila Brás, para fazerem exercícios físicos. A caminhada faz bem ao corpo e a alma, pois diariamente a dupla, que é conhecida dos vizinhos, sempre aproveita para jogar uma conversinha fora, sem descuidar do exercício físico, é claro. A incursão à Brás valeu por essa dupla, mas valeu também pela benzedeira, que ensinou a receita contra a Gripe A. Valeu, sobretudo, por conhercemos uma realidade que é a nossa, mas que teimamos em não reconhecê-la.

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