3 de set. de 2009

Fui conquistado pelas histórias dos moradores da Brás



Por Rodney Silva

Desde que soube que a disciplina de Projeto Experimental em Jornal, por volta do 3º semestre de curso, era fazer um jornalzinho numa vila de São Leopoldo, e ainda mais, que todos os semestres este jornalzinho era feito sempre na mesma vila, ou seja, com as mesmas pessoas, pensei: “Vou fazer esta cadeira só quando estiver saindo da Unisinos”.

Cá estou eu. No último semestre do curso de Jornalismo e matriculado na “cadeira da Vila Brás”. Apesar de adorar a professora Thaís Furtado e ter boas impressões a respeito do professor Demétrio, seus discursos sobre como seria legal e emocionante realizar a disciplina e entrar em contato com o jornalismo social, não me sensibilizaram nem um pouquinho.

Na noite em que os líderes comunitários estiveram conversando com os alunos, continuei imune e não tinha nenhum interesse em fazer o jornalzinho. A falta de vontade foi tamanha que a Thaís percebeu e me indicou uma pauta, já que não tinha a mínima ideia do que faria na Vila Brás, sábado de manhã, com previsão de 30º à sombra.

Queria era dormir no dia seguinte!

Acordei ás 5h30min da manhã e saí de Ipanema meia hora depois. Fui dormindo no ônibus e no trem. Na Unisinos encontrei colegas com sono, assim como eu, mas animados, diferentemente de mim. Já que não tinha nada a fazer, vamos encarar a Vila Brás com bom humor.

Fui conquistado pelos moradores da Brás. Gente humilde, trabalhadora, inovadora, lutadora, com boas histórias para contar e receptivos.

Acompanhado das colegas Juliana Jeziorny e Daniela Machado, conhecemos a parte sul da Vila Brás e não nos restringimos à avenida principal, exploramos as ruas adjacentes. Histórias, histórias e mais histórias...


Dezenas de igrejas evangélicas, a casa avaliada em R$ 150mil, uma oficina de bicicletas a venda que sustenta uma família, a senhora que aluga peças, a cantora de uma dupla gospel, o armazém que fica aberto até às 24h e que atrai a freguesia de bairros arredores, e dois carroceiros: um idoso e um jovem de 19 anos, pai de dois filhos, vendedor de galinhas.

Mãos a obra, pois vão faltar páginas para tantas e boas histórias INÉDITAS.

2 comentários:

Demétrio de Azeredo Soster disse...

Penso que esta percepção que você nos transmite, Rodney, é uma dos motivos por meio dos quais, uma vez fisgados por ele, dificilmente conseguimos deixar o jornalismo de lado. Afinal, quantas e quantas vezes chegamos às redações desanimados, cheios de problemas pessoais (afinal, somos humanos), apesar de o expediente recém estar se iniciando, e basta uma pauta legal chegar ao nosso conhecimento para adquirirmos vida nova; ânimo novo? Trata-se de uma percepção muito importante esta sua, porque nos sigere que a diferença, muitas vezes, se estabelece por meio do olhar. Então, é preciso que se veja. Grande abraço!

Thais Furtado disse...

Rodney, que bom que tu me adora!!!! Tu também és um aluno muito querido.
Agora falando do nosso trabalho, fiquei muito feliz com teu depoimento. Realmente, talvez por te conhecer de cadeiras anteriores, vi o quanto estavas desanimado, com o pé atrás. Muitas vezes é preciso mesmo dar um passo pra trás para depois ir em frente. Às vezes, a surpresa vem mesmo para aquele que está mais desanimado. Que bom que tudo deu certo e conseguistes boas pautas com tuas colegas.