30 de set. de 2009

Blog do Enfoque é premiado no SET

Gente, é com muita alegria que comunico a todos que o Blog Enfoque Vila Brás foi premiado na categoria Jornalismo Online - Weblog do SET da PUC, encerrado há pouco.

É uma notícia legal em muitos sentidos, que divido com vocês neste momento.

Um particular reconhecimento à aluna Márcia Lima, que, ainda no semestre passado, nesta mesma disciplina, e na condição de editora multimídia do Enfoque, desenvolveu o layout atual.

A todos, portanto, meus parabéns!!!

A Unisinos levou um monte de outros prêmios mais. Confiram por aqui.

A difícil luta contra as chuvas

Matéria do Jornal VS desta quarta feira, dia 30.


Na Brás, famílias ainda não puderam voltar

Pelo menos quatro das 20 famílias desabrigadas na Vila Brás, em função da cheia provocada pelo Arroio Gauchinho, estão desde domingo na Associação de Moradores da Vila Brás. Ontem eles verificaram a situação e constataram que ainda não é possível voltar. “A água ainda está dentro de casa’’, disse o servente João de Almeida, 22 anos, ao lado da esposa Elisandra de Oliveira. O casal salvou apenas um colchão e alguns cobertores. “Perdemos tudo, não deu tempo de tirar as coisas de casa. A água logo atingiu a altura da cintura’’, contou Elisandra.


Esta foi a segunda vez neste ano em que o açougueiro Josmar Dorneles Duarte, 38, precisou sair de casa junto com a esposa e um filho de 1 ano, por causa da cheia. “Consegui salvar as coisas’’, comentou. Ele e sua família também estão na Associação de Moradores. “Já não tem mais leite para as crianças’’, disse Elisandra. As famílias receberam uma cesta básica da Defesa Civil e estão dividindo as despesas com alimentação.


Como já havia escrito anteriormente aqui no blog, fico a imaginar como devem estar estas pessoas atingidas pelas chuvas dos últimos dias. São moradores que já sofrem com o baixo poder financeiro, e muitos, às vezes, batalham anos e anos para poder dar o mínimo de conforto para sua família viver, e, em minutos, perdem tudo.

Também tenho acompanhado a situação de Santa Catarina, em especial Araranguá, uma das cidades mais atingidas em nosso estado vizinho. O perigo maior é em relação ao rio que leva o mesmo nome da cidade, e, assim como na Vila Brás, os moradores ribeirinhos são de uma classe mais desfavorecida.


Vejo esta parte ribeirinha de Araranguá como uma Brás mais evoluída. São estradas de chão, e algumas ruas estreitas, mas as residências são melhores construídas, sendo em sua maioria casas de alvenaria. Posso até dizer que temos sorte de não ter temporais tão fortes como os que ocorrem em Santa Catarina, pois aí sim o estrago seria muito pior.


Para finalizar, penso que há sim um descaso por parte da prefeitura com estes moradores. Como presenciamos na primeira visita, o cheiro no local é horrível, existem obras não terminadas, como ruas e casas populares, fazendo com que o local pareça ter sido totalmente esquecido, principalmente na Brás III.


Agora, com a mudança de moradores da Vila dos Tocos para a Brás III, em função das obras do Trensurb, espero que algumas melhorias possam ser feitas na região, para que estas pessoas que venham residir na Brás não sejam também esquecidas pelo poder público.


Espero na próxima visita não presenciar uma situação tão ruim, principalmente com todos moradores podendo estar em suas residências, e, como na primeira vez, um belo dia de sol.

25 de set. de 2009

Rádio Enfoque Vila Brás nº 02

Na 2ª edição da Rádio Enfoque Vila Brás uma entrevista com a jornalista Márcia Amaral, autora do livro Jornalismo Popular, da Editora Contexto.

Na entrevista a jornalista fala sobre o que pode ser caracterizado como jornalismo popular, o novo mercado chamado de imprensa popular e também dá dicas de como ter um produto final de qualidade nessa área sem cair nos clichês do sensacionalismo.


Enfoque na reta final

Neste exato momento estamos todos reunidos aqui na AgexCom para a finalização do Jornal Enfoque Vila Brás. A turma da professora Taís Furtado, da qual faço parte, está revisando o Caderno de Saúde. Devido a alguns probleminhas, tivemos algumas reduções no nº de páginas, mas o resultado final tá ficando super bacana!

A minha matéria é uma entrevista com a técnica de enfermagem e moradora da Brás há 27 anos, Carla Martins, que trabalha no Programa Saúde da Família (PSF) da vila. Aproveito também para explicar melhor como funciona o PSF e quais são os grupos que o posto oferece para a comunidade.






























Logo mais vocês poderão conferir o jornal na versão online. Não percam!

Bárbara Keller

Quase lá!

O clima é de euforia na Agência Experimental de Comunicação (Agexcom) da Unisinos. Isso porque o ambiente é a redação do jornal Enfoque Vila Brás, e a primeira edição deste semestre está tomando forma. Grande parte dos textos já foram redigidos e estão em fase de edição; algumas páginas já estão diagramadas. Falta pouco para que o jornal esteja pronto!

O bom disso tudo é que estamos acompanhando de perto todo o processo de criação da publicação, o que nos permite sentir o gostinho do que é o trabalho em uma redação de verdade. Parabéns a todos os que estão se dedicando a mais um Enfoque Vila Brás! Tenho a certeza de que esta edição não ficará devendo às anteriores.

22 de set. de 2009

Mais uma capítulo da Tevê Enfoque

Confiram na coluna à direita, lá em cima, a segunda parte de reportagem que os colegas Bárbara Keller e Pedro Föss fizeram por ocasião de nossa primeira saída à Brás.

Quem quiser ver todos os vídeos realizados até este momento, por esta e pelas turmas anteriores, confira no link telewebjornais.

Uma segunda visita meio louca a Brás

Durante a primeira visita a Brás não tive como conseguir a foto necessária para matéria que estou realizando. Como a pauta tem a ver com a segurança do local, pensei ser conveniente a presença de uma viatura, pois segundo os próprios moradores, a BM se faz presente rotineiramente na vila. Para isto, fiz uma segunda visita à vila por nós trabalhada. Nesta visita extra, presenciei um local um pouco menos pacato. Diferentemente da nossa primeira saída de campo, onde os moradores já estavam nos esperando, desta vez eu era apenas um desconhecido. Muitos dos olhares pareciam se perguntar quem eu era e o que estava fazendo ali.

Com a colaboração do Tenente-Coronel Carlos Magno, comandante do 25º BPM, fui acompanhado de uma viatura para a captação da foto. Chegando ao início da Leopoldo Wasun avistei uma viatura e fui perguntar se eram eles os policiais destinados para foto da matéria. O policial afirmou que não, mas que seus colegas logo chegariam até ali. Estacionei meu veículo e a viatura também encostou e, mais ou menos um minuto depois, chegaram os policiais encaminhados pelo Coronel Magno. Então entre as duas viaturas ficou minha moto, e aí a curiosidade, pois ver duas viaturas, quatro policiais, e um motoqueiro parado na Brás, logo apareceram os primeiros rostos nos portões e os primeiros motoristas diminuindo a velocidade para ver o que estava acontecendo. Após uma breve conversa com os policiais, fomos então para o Bar do Pezão, local em que seriam tiradas as fotos conforme combinado com o dono.

Quando cheguei ao bar acompanhado de uma das viaturas, o filho do dono, que estava brincando, começou a chorar. Mesmo com muitos elogios dos moradores em relação a BM, fiquei imaginando o que pensava aquela criança ao ver os policiais e porque aquele certo medo. Após a realização das fotos e a conversa entre os policiais e o menino, que parou de chorar, chegou um senhor para falar com o dono do bar.
Este senhor atrapalhou todas as fotos, pois entregou um papel para o Pezão, que durante as fotos ficou lendo a tal folha, que no final ficou parecendo uma intimação. Para finalizar, a curiosidade e o seguinte questionamento do tal senhor: “A moto foi roubada?”.

21 de set. de 2009

Dá para viver a infância “ponto com ponto br”

Há algum tempo atrás, diversão era brincar na rua. As reuniões de amigos eram em casa mesmo, no quintal, à espera do lanche da tarde. Aos poucos, carrinho de lomba virou controle remoto de videogame. E dizem que as manobras são mais emocionantes. Casinha na árvore agora também atende por ilha do second life, o que permite “viver a realidade” – o virtual, então, é mais real? O campinho onde eram disputadas as “peladas” também não é mais o mesmo. Acabou se virtualizando.

A infância de hoje mudou, sim. A diversão se transportou para as telas do computador, jogos de videogame, etc. As reuniões de amigos se configuram em redes sociais, também virtualizadas. Até que ponto isso é bom ou ruim? Não sei. Mas posso afirmar que não foi para todo mundo que a infância mudou.

Na Vila Brás, por exemplo. Conheci crianças que não têm esta sede pela internet. Há quem prefira ficar brincando nas árvores ou, ainda, quem reúna os amigos para jogar bolitas. E não é por falta de lan-houses.

Saindo da vila, a cena se repete em uma área periférica da cidade de Canoas. Em uma zona de ocupação irregular, no bairro Olaria, as crianças também vivem a infância à moda antiga. Uns preferem brincar no terraço, quer dizer, na laje de casa, tomando banho de mangueira. Outros jogam bola na terra de chão batido. Mesmo na era do virtual, dá para viver a infância, como nos tempos dos nossos pais.

Pacata

Minha manifestação é tardia, mas pode ser válida nessa construção coletiva do conhecimento que realizamos na cadeira. Só tenho uma observação pertinente: a Vila Brás me pareceu bem mais pacata do que eu imaginei durante o percurso. Entrevistei um garoto, o Cândido, de 15 anos. Estuda na escola João Goulart, na 8ª série. Quando perguntei se ocorriam muitos assaltos por ali, ele negou: “A Vila Brás é tranquila. Não tem assalto, mas tem muito maconheiro”. Ansioso, pediu para que eu o liberasse, pois tinha ensaio do coral da igreja às 10h.

Acordar cedo no sábado pela manhã acarretou duelo mental entre as duas facções presentes no meu cérebro: a preguiça e a responsabilidade. Quando levantei da cama e coloquei a camiseta, pensei em desistir do curso. Quando lavei o rosto com água gelada, pensei em desistir – mas só dessa cadeira. Aí, quando tomei um copão de coca-cola para me empolgar com a cafeína, pensei: agora vou curtir o ímpeto de adrenalina súbita nos neurônios – de preferência, deitado na cama. Finalmente, quando voltei para casa, depois da incursão pela Vila Brás, pensei: embora eu ainda precise dormir, essa história valeu a pena.

18 de set. de 2009

Radio Enfoque Vila Brás nº 01

Iniciamos os trabalhos da Radio Enfoque Vila Brás e com eles também as comemorações dos 5 anos do projeto ENFOQUE dentro da comunidade localizada entre São Leopoldo e Novo Hamburgo.

Em setembro de 2004 saiu a primeira edição do Enfoque exclusivamente abordando assuntos da Vila Brás. Este é exatamente o assunto desta primeira edição do nosso rádio online: os 5 anos do projeto e a importância dele para a comunidade e também para os alunos da Unisinos.

A partir desta primeira edição a Radio Enfoque Vila Brás irá trazer entrevistas e reportagens especiais relacionadas à comunidade, ao jornalismo popular e ao processo de criação do periódico.

O que faremos logo mais

Pessoal, para logo mais à noite seguiremos a produção do Enfoque, seja em termos de corpo do jornal ou caderno.

No que toca especificamente ao corpo, a partir do material já produzido aula passada, temos quatro páginas completas (4, 5, 6 e 7).

Imaginando uma edição de 12 páginas, fica faltando, ainda, material para a 8, 9, 10 e 11.

Na página 2 teremos um editorial, digamos assim, diferente, aos meus cuidados e da Thais; enquanto que, na três, as crônicas.

São três crônicas, conforme combinamos na primeira reunião de edição. Devem estar prontas hoje, pois precisamos pensar na ilustração.

O Enfoquinho, em andamento, vai para a contra.

A dinâmica de hoje, portanto, será a produção do material que ainda nãao foi redigido.

Uma vez tendo volume suficiente, desenhamos o boneco da edição e começamos o processo de montagem, já na próxima aula.

Depois, é revisar á exaustão e mandar para a gráfica.

Grande abraço a todos e até logo mais.

13 de set. de 2009

Simpatia e solidariedade na Vila Brás


Caminhando pela Vila Brás, após termos cumprido parte de nossa missão, encontramos Maria Regina da Paz Toledo, uma cabeleireira que nos emocionou com sua história de vida. Aos 44 anos e moradora da Vila Brás há 22, Regina orgulha-se de já possuir o seu próprio negócio. Considera-se uma pessoa abençoada por ter uma família bem sucedida. Sua filha, Grísia, é dona da Padaria ao lado do seu estabelecimento e seu marido trabalha como mecânico de uma multinacional.

Mas, não é só isso que faz a alegria da cabeleireira. Além de trabalhar no seu próprio negócio, ela ainda arranja tempo para cuidar do visual daqueles que não têm condições de pagar por um corte de cabelo. Sua motivação de todos os dias e generosidade são frutos da sua crença em Jesus. “Para a vida dar certo, tem que ter Jesus na frente nos guiando, senão as coisas não dão certo”, diz Regina.

Como em todo salão de beleza existem muitas histórias engraçadas, Regina nos presenteia com uma: quando estava fazendo a sobrancelha de uma cliente, faltou luz em seu estabelecimento. Sem perceber que isso poderia ser um problema, ela colou o molde do papel no lugar errado e continuou fazendo o seu trabalho. Quando a luz voltou, notou que alguns fios, ainda importantes, já não estavam mais ali. A sobrancelha havia ficado meio deformada. A cabeleireira ficou apavorada e pensou que tinha perdido a cliente. Para sua surpresa, ela voltou dias depois. E não era para reclamar. De todas as profissionais, Regina tinha sido a única a acertar a sua sobrancelha.

Matéria: Bruna Schuch e Cristiane Medeiros
Fotos: Bruna Schuch

12 de set. de 2009

Olha a Tevê Enfoque aí, gente!

Moçada, a nova edição do Tevê Enfoque, telewebjornal do Enfoque Vila Brás, já está disponível. Na coluna à direita do blog; no alto.

Iniciativa/realização - louvável, diga-se - da dupla Bárbara Keller e Pedro Föss (em ação na cena aí de cima).

Quem quiser assistir aos vídeos e telewebs produzidos em semestres anteriores, entre por aqui.

11 de set. de 2009

Espaços de lazer

Rodrigo PruxA vida social na periferias das cidades metropolitanas é, minimamente, interessante sob o ponto de vista antropológico. Na falta de áreas de lazer institucionalizadas (parques, praças e semelhantes), as pessoas se apropriam dos espaços públicos de forma muito particular.

Quando fomos à vila Brás, encontramos uma diversidade de entretenimentos. Entre elas, observei um grupo de guris brincando com bolas de gude. Há muito o que escrever sobre isso. Sobre meninos jogando "bolita" em uma vila de São Leopoldo. Porém, quero deixar apenas esta imagem captada na manhã de um sábado qualquer para a liberdade da reflexão de cada um.

O cara da farmácia

A vida é cheia de histórias. Histórias tristes. Histórias alegres. Histórias inusitadas. Histórias emocionantes. E a Brás é cheia destas e de muitas outras histórias. Histórias como a do Nelson Oro. Aos 20 anos, ele é muito mais que um atendente de farmácia. Ele é o “cara da farmácia”.

Nelson, praticamente, nasceu na Brás. Ainda com poucos meses de idade, veio morar com a família no bairro. Aos 13 anos, o pai morreu e coube a ele e a irmã assumir os negócios. Diante da dificuldade de ser “empresário”, o incentivo veio da mãe. “Ela passou a ser o nosso alicerce, a nossa grande motivadora”, conta o jovem.

O primeiro passo foi entender como funcionava o negócio. “Depois a gente começou a mudança da loja. Primeiro os balcões, a disposição dos produtos, na sequência veio a informatização”, relembra.

Após 20 anos, a farmácia Sul Brasileira continua sendo a única do bairro. Além dos irmãos, outros dois balconistas e um farmacêutico trabalham na loja. Farmacêutico, aliás, que está com os dias contados. Nelson cursa Farmácia e, em breve, também assumirá a responsabilidade sobre as indicações correta dos medicamentos aos clientes. Sorrindo timidamente, como é característico, ele conclui: “A gente precisa evoluir, né? Acreditar na gente”.

Enfoque Vila Brás poderá ser impresso pela RBS

Minhas buscas por uma gráfica rotativa tiveram êxito. Após uma rodada de orçamentos com gráficas rotativas e offset, se destacaram três: Grupo Sinos (Novo Hamburgo), Gazeta do Sul (Santa Cruz do Sul) e Grupo RBS (Caxias do Sul).

Apresentei os valores aos professores Demétrio, Thaís e Edelberto Behs. Após análise dos números, o Grupo RBS, mais precisamente o parque gráfico do jornal O Pioneiro, em Caxias, foi o escolhido para imprimir as três edições do Enfoque Vila Brás.

Assim, o jornal será impresso com as seguintes configurações: o jornal principal terá o tamanho idêntico ao da Zero Hora (28 cm x 38 cm) e será impresso com 16 páginas, sendo a capa e a contra-capa coloridas. Já o encarte sobre saúde será um pouco menor (26 cm x 36 cm) e terá 12 páginas, também com a primeira e última coloridas.

A princípio, o Enfoque será impresso com a RBS, se não houver nenhum trâmite burocrático que impessa essa parceria.

O exercício de olhar para o lado

Ser jornalista é aprender a olhar para o lado. Aliás, olhar para todos os lados, como ensinou, muito bem, Eliane Brum. Ter uma pauta a cumprir pode significar, as vezes, ignorar o que está nos nossos olhos. Mesmo sob todas as recomendações de abrir os olhos e os ouvidos, quase deixei passar uma grande história. Enquanto eu e Fernando caminhávamos, dois senhores andavam lado a lado conosco, embora um pouco distantes, quase do outro lado da rua, e diversas vezes falamos "vamos parar e entrevistar essa dupla?", mas diversas vezes desisitmos. Até que... perdemos a timidez (se é que temos o direito de ter timidez), atravessamos a rua e descobrimos uma grande história, que jamais poderia estar na nossa reunião de pauta.

Trata-se dois irmãos, um deles com síndrome de down, que diariamente percorrem dois quilômetros na principal rua da Vila Brás, para fazerem exercícios físicos. A caminhada faz bem ao corpo e a alma, pois diariamente a dupla, que é conhecida dos vizinhos, sempre aproveita para jogar uma conversinha fora, sem descuidar do exercício físico, é claro. A incursão à Brás valeu por essa dupla, mas valeu também pela benzedeira, que ensinou a receita contra a Gripe A. Valeu, sobretudo, por conhercemos uma realidade que é a nossa, mas que teimamos em não reconhecê-la.

A chuva e o medo...

Após aquele calor que enfrentamos na nossa primeira visita a Brás, agora vem esta chuva constante. Nesta semana, após estes temporais, comecei a imaginar como devem estar os moradores da localidade por nós visitada, principalmente para os residentes da Brás III, que moram mais perto do valão.


Antes assistia pela televisão as notícias sobre estragos e enchentes em várias localidades mas, por não vivenciar e conhecer tais locais noticiados, não parava para pensar sobre a difícil rotina das pessoas envolvidas.


Nisto a visita a Brás me fez mudar. Em dias como os que vêm acontecendo nesta semana, com chuvas às vezes nem tão fortes, mas contínuas, fico a pensar sobre o medo na qual alguns moradores da vila devem conviver em dias como este.


Lendo o jornal hoje pela manhã, vejo como principal manchete o risco de alagamento devido ao nível do Rio do Sinos. Com isto fico a pensar como estaria as valas que vi entre as casas.
E mesmo que não venham a transbordar e invadir as residências, imagino como deve ficar todo aquele lixo jogado próximo as moradias, como escrevi em meu post anterior.


Aí está o nosso trabalho. Penso que por isto o Enfoque é tão importante para eles, pois sem nossas matérias, será que teriam espaço em outro veículo para divulgar estes problemas vividos por eles?

Sendo um lugar que sofre preconceito de quase toda uma cidade, acho difícil, a esperança deles somos todos nós...

E lá vem a ansiedade...

Entender um pouco sobre a realidade de um lugar ou da vida das pessoas nos aproxima do verdadeiro jornalismo. É isso que fazemos ao conhecermos lugares como a Brás. Em cada rosto uma história que sequer poderíamos imaginar. E foi assim, despretensiosamente, que chegamos lá. Estávamos sob o lema “prontos para o que der e vier”. Acho que assim, naturalmente, foi possível reconhecer essas histórias que estarão na próxima edição do Enfoque que, aliás, estou ansiosa para ter em mãos. A ansiedade aparece forte quando tenho minhas anotações e preciso porque preciso vê-las transformadas em alguma coisa que leve a voz daquelas pessoas a outros lugares e a mais pessoas. Sinto muito informar, no entanto, que já passei (bastante) do limite de caracteres e que está ficando difícil de cortar o texto. Mas no final tudo vai dar certo. Até mais!

A vida que ninguém vê

Navegando pelo blog para acompanhar as postagens dos colegas, vi a capa do livro "A vida que ninguém vê", de Eliane Brum. Foi no ano passado que li este livro e, na Semana da Comunicação, tive a oportunidade de acompanhar a palestra com a autora. Eu, que nunca fui de querer imitar ninguém, pensei: "Queria escrever como ela". Mais do que isso, ter essa percepção, essa sensibilidade, esse domínio das palavras.

Claro que tudo isso exige treino: do olhar, do faro jornalístico, da língua portuguesa. Espero que a Brás oportunize o encontro de histórias como as que Eliane costuma contar. Cabe a cada um de nós, repórteres/alunos, investir o nosso melhor, nosso estilo, nossa alma para cada uma dessas histórias.

Que venham as pautas!!!


Na foto, registro da ida à Vila Brás, enquanto a Bruna conversava com as crianças sobre suas perspectivas de futuro.

Até mais tarde...

10 de set. de 2009

Aprendizados sobre a Vila Brás

Sábado pela manhã, sol radiante, pedindo, quase implorando por uma pedalada pelos caminhos rurais de Porto Alegre. Porém, a empreitada era outra. Uma circulada pelos caminhos atá então misteriosos da Vila Brás.
Como saímos um pouco tarde de Porto Alegre, o caminho era ir de carro mesmo até lá. Minha co-piloto, Camila Vargas, meio perdida após as informações dadas por nosso guru Demétrio, me deu um caminho um tanto diferente do que o citado por Demétrio ao telefone. A solução? Informações sobre o caminho para chegar ao nosso objetivo.
Os solhares eram estranhos, uns perguntavam se o carro tinha seguro, outros, olhavam com ar de desconfiança, achando que queríamos ir até lá comprar drogas, ou algo do gênero.
Bom, fato é que chegamos ao coração da Vila Brás e descobrimos um ambiente acolhedor, diferente do que os moradores de São Leo pintam sobre a vila. Claro que os alunos da Unisinos prestam um serviço especial aos moradores, mas de qualquer forma, não creio que a recepção de qualquer pessoa dentro da vila pudesse ser diferente.
O olhar de desconfiança inicial, passa a ser um olhar de carinho, de confissão e no final, de confiança e de felicidade ao saber que terá seu nome nas páginas do jornal. Experiência ímpar e acabou me fazendo esquecer a pedalada de sábado pela manhã!
Resta agora, esperar a próxima visita, desta vez, já dominando os caminhos que levam à Vila Brás.

Por Márcio Sardá

9 de set. de 2009

Em busca de uma vida melhor

Naquele Sábado, 29 de Agosto, logo que descemos do ônibus eu e o Pedro fomos em busca das nossas pautas. Isso, porém, não nos impediu de perceber a movimentação da Vila Brás e as pessoas que ali vivem e trabalham. O vendedor ambulante Luís Alberto Lopes Barros é um exemplo disso.

O menino de 17 anos caminhava pelas ruas da Vila Brás, debaixo de um sol de mais de 30ºC, carregando seu carrinho com diversas mercadorias. Suando, ele se mostrou um pouco tímido com o primeiro contato, mas aos poucos foi nos contando a sua história.


Assim como muitos outros, Luís veio do Ceará faz 2 meses com o objetivo de ganhar dinheiro e garantir uma vida melhor para si e sua família. Segundo ele, tem dias em que as pessoas o recebem bem, outros dias o recebem mal. Mas com um sorriso no rosto ele conta que os artigos que mais vende são os travesseiros, tapetes e espelhos.

Depois desse rápido bate papo com o Luís, seguimos nosso caminho atrás das pautas, e ele seguiu com seu carrinho, batendo de porta em porta, vendendo seus objetos em busca de seu sustento.

OBS: Logo mais vocês verão o vídeo que eu o Pedro produzimos para a teleweb aqui do blog, além das nossas outras pautas, que estão em fase de produção. Aguardem!

Bárbara Keller

Impressões

Desde as primeiras aulas da disciplina, comecei a refletir sobre as nossas idas a Vila Brás. Tinha a percepção de que não encontraria uma Vila tão perigosa e tão abandonada. Dito e Feito! Como moradora de São Leopoldo, não leio e não ouço mais os jornais e os noticiários televisivos falarem tanto na criminalidade do local como era antigamente.

Fiquei ainda impressionada com a largura da Vila de 250m. Na avenida principal, se enxerga onde as ruas começam e onde elas terminam. Engraçado! Também fiquei contente em ser recebida com carinho. Ver que as pessoas são humildes e simples, mas não são ignorantes. Ver que elas conhecem o Enfoque Vila Brás e que, para algumas, participarem de uma edição do jornal é um afago na autoestima.

Agora, no momento de redação e edição, estou trabalhando a dificuldade que tive com relação a minha matéria. A família envolvida com a suspeita de Gripe A, a minha pauta, não quer aparecer. Não fiz fotos, mas colegas e o professor me ajudaram a resolvê-la de outra maneira. Quanto ao case, não abrirei mão dele. Apenas não mencionarei nomes.

Agradeço a experiência e a companhia dos colegas. Há muito tempo não curso uma disciplina ao lado de tantos amigos.

Obs.: Já estamos escolhendo o nome da nossa radiowebjornal (é assim que se escreve?). Em breve, já teremos os primeiros programates "no ar".

Obs2.: Marcelinho descobri que a empresa Impressos Portão imprime o jornal e o caderno e o encartam. A tiragem é cerca de 2 mil exemplares, não? A máquina não é rotativa, mas eles fazem este trabalho. Não sei quanto a valores, se encarece ou não. Manda um e-mail com todas as especificações para andreia@impressosportao.com.br. Não sei se você já tinha entrado em contato com eles antes, mas, de repente, peça um orçamento.

8 de set. de 2009

Contraste de visões

Confesso que fiquei um pouco assustada quando soube que o objetivo da discplina de Redação Experimental em Jornal era fornecer aos moradores da Vila Brás um jornal local. Como moradora de São Leopoldo e ex estagiária de uma ONG, precisei ir até a Vila há uns anos atrás e fiquei decepcionada com o que vi. Lembro bem do chão batido, que ficava cheio de barro quando chovia e da violência constante publicada nos jornais da região, e que eu pude presenciar de perto.

Desde que comecei a acompanhar o Enfoque, há alguns semestres atrás, tive a impressão de que a vila tinha melhorado um pouco, mas foi grande a surpresa quando cheguei lá e pude conferir de perto a evolução do local. Aquela vila que eu tinha receio em ir, hoje é um bairro evoluído, com moradores receptivos e orgulhosos de terem participado do progresso do local em que vivem. É visível para quem chega lá o modo como os vizinhos se ajudam e senter prazer em fazer isso. É vergonhoso saber que em bairros de classe alta em São Leopoldo não há tanta colaboração com o próximo como existe no local visitado.

Acredito que hoje a Vila Brás seja um modelo a ser seguido na região do Vale dos Sinos.

Ah! Gostaria de compartilhar com os colegas uma foto que captei na última sexta-feira enquanto o Demétrio anotava no quadro as pautas de cada aluno e a Bruna fazia o making off das aulas. Bom, enquanto não temos as matérias feitas, acho que podemos desfrutar das experiências que tivemos na Vila Brás e compartilham com os colegas aqui no blog.

Até sexta-feira!

6 de set. de 2009

@EnfoqueVilaBrás invadiu o Twitter

Aha! Estamos no Twitter. Aí, muitos podem perguntar: "Mas pra quê, se já temos o blog?". A resposta é: para divulgarmos o espaço de maneira rápida e prática, afinal, como o próprio Demétrio já disse, a idéia é convergir.

O lance é super bacana, mas para funcionar direitinho e com o máximo de aproveitamento possível, precisamos da colaboração de todos.

1. Um Twitter não tem valor nenhum se o perfil não segue ou não é seguido por pessoas bacanas. Então, galera, caso tenha um perfil no Twitter, indique nos comentários. Ou, se quiserem ser mega modernos, apenas dê um reply para @EnfoqueVilaBras que será imediatamente adicionado.

2. Sempre que algo novo for postado aqui, será twittado lá. Isso faz com que, além de divulgar nosso trabalho, possamos saber, em tempo real o que está rolando no blog também.

Claro que, além de servir de RSS do blog será um canal para trocarmos idéia, responder dúvidas, enfim, matar no peito o que for aparecendo. Aceitando sugestões, sempre.

Aliás, aproveito a oportunidade para informar que em breve eu, Cler e o Rodrigo Prux, já estamos pensando em uma espécie de Manual de Redação para o blog. Ninguém precisa arracar os cabelos porque as sugestões têm o objetivo de facilitar a vida de todos ao mesmo tempo em que padroniza o visual do blog. Estará disponível assim que apresentarmos ao professor e, claro, ele aprovar.

Por enquanto é isso. E não esqueça: Follow @EnfoqueVilaBras. #Ficaadica.

Os poros devem estar sempre abertos

De tudo o que aprendemos a partir da primeira saída à Brás, destaco, por hoje ser domingo, o tema com que abrimos a aula passada.

Ou seja, a necessidade de o jornalista manter seus poros permanentemente abertos para o que for novo, singular, diferente, como forma de emprestar mais amplitude ao seu trabalho.

Quer me parecer que esta percepção tenha ficado clara ao longo dos dias posteriores à saída quando alguns de nós se referiram, em seus posts, ao receio que tinham de ir até a Brás em pleno sábado, temendo sobretudo que fosse uma experiência ruim.

Por que o medo? Basicamente por percepções elaboradas a priori, antes mesmo da vivência em si, que se dissolveram a partir do momento em que passaram a exercer o jornalismo no melhor lugar do mundo para fazê-lo: junto às fontes, onde os acontecimentos têm lugar.

Digo isso porque, em nossa profissão, a realidade, e os eventos que ocorrem nela, usualmente adquirem novos matizes; novas cores, quando vistos de perto.

E não observar os acontecimentos se realizando por pontos de vista pré-concebidos pode significar deixar de lado algo mais que interessante, vivo, portanto passível de bom jornalismo, o que é ruim em muitos sentidos.

Um bom feriado a todos.

4 de set. de 2009

Em busca de uma gráfica rotativa

Não, uma gráfica rotativa não fica girando em torno de si mesma, como o planeta Terra. Na verdade, estou falando do tipo de máquina impressora. Por aí, pelo Brasil, ou mais amplo ainda, pelo Rio Grande, encontramos dois tipos básicos de serviços de impressão em larga escala: off set e rotativa. A diferença mais nítida entre elas é que a off set utiliza papel já previamente cortado (99 cm x 96 cm) e a rotativa trabalha com bobinas de papel contínuo, tipo papel higiênico, só que bem maior. Não estou dizendo que você deva se limpar com um jornal, embora alguns tablóides por aí mereçam esse cruel destino.

As gráficas que utilizam máquinas impressoras rotativas costumam ser mais baratas na impressão de jornais. E eu estou em busca de uma para a impressão do Enfoque. O que aconteceu com a gráfica que eu imprimia o jornal antes? Nada. Ela continua lá, em Santa Cruz do Sul. É a gráfica do jornal Gazeta do Sul. O preço é ótimo e o serviço é bacana. Mas, para os nossos futuros planos de dominar a Grande Vila Brás, a Gazeta – acho eu – ficará de fora.

Como vocês já sabem, o jornal terá um encarte sobre saúde. Para que o leitor perceba esse caderno especial mais facilmente, a ideia dos professores é que ele tenha um tamanho um pouco menor do que o jornal principal. Colocando em números: o jornal principal poderia ter o tamanho de 28 cm de largura x 38 cm de altura, e o caderno poderia medir 26 cm de largura x 36 cm de altura. Assim, ao folhear as belas páginas do Enfoque, em certa altura, o leitor topará com o caderno e dirá: “OOOppaaaa... Mas que ótima surpresa traz o jornal?”. Será o encarte.

E porque a Gazeta poderá perder a honra de imprimir o Enfoque? Porque descobri que eles não cortam as folhas. Imprimindo com eles, o jornal e o caderno teriam o mesmo tamanho. É uma pena. Em busca de outra gráfica rotativa, encontrei a do Grupo Sinos, que imprime os jornais VS, NH, ABC, entre outros. Essa sim corta as páginas. Mas há um probleminha: eles não encartam! Isso significa que o caderno sobre saúde seria entregue separado do jornal principal. Que coisa séria...

Continuarei em busca de uma gráfica rotativa que corte e encarte. Se alguém conhece alguma, tem um tio que é dono, por exemplo, por favor, me avise.

Que discurso social? Mercado ou Cidadania?

Livro DiárioLá na primeira aula, quando o profº Demétrio falou sobre a bibliografia da disciplina, lembrei do livro "Diário Gaúcho: Que Discurso, que responsabilidade social?". A publicação é um conjunto de artigos organizados pelos também professores Pedrinho Guareschi e Osvaldo Biz, e propõe uma análise crítica do discurso apresentado no DG.

Acredito que seja uma boa sugestão de leitura para entender que existem diferenças, não apenas semânticas, mas conceituais quando se fala de "jornalismo popular".

No livro sugerido, o DG é colocado como um produto pensado estritamente pelo viés mercadológico, ao invés de buscar, atráves da linha editorial, uma emancipação político-social das classes menos favorecidas
.

Vale a dica quando nos embrenharmos jornalismo popular a dentro.

Almoço com preço popular

foto: Daniela Lopes

Na Vila Brás é possível fazer uma boa refeição com apenas 1 real. É isso mesmo! No último sábado, tive a alegria de conhecer um pouco da história de dona Olga do Nascimento, de 47 anos. O que me fez bater palmas em frente a casa dela, foi uma singela placa informando: "Almoço por 1 real" . Fiquei curiosa e pedi pra falar com ela.

A colega Danila Lopes me acompanhou nessa reportagem e fomos muito bem recebidas. Dona Olga estava terminando de preparar o prato do dia, mas fez questão de abrir o portão e conversar com a gente.

Ela serve em torno de 30 a 50 refeições diárias e está fazendo um curso de alimentação através do Programa Qualificar. Sua intenção é abrir um restaurante popular na Brás em breve.

O legal é que possível fazer uma boa refeição, preparada com muito carinho, com apenas 1 real . O prato do dia era feijão, arroz, frango com molho e salada de maionesse mista.

Dona Olga se preocupa com o cardápio de seus fregueses. Procura sempre variá-lo, mas isso depende das promoções que ela encontra quando vai às compras. Quem quiser comprar almoço com a dona Olga é só levar uma vasilha até a Rua 26, casa 51.

Para a aula de hoje

Pessoal, para a aula de logo mais a dinâmica será a seguinte:

1 Levantamento das pautas realizadas no sábado (corpo e caderno);
2 Definição dos textos de opinião a serem utilizados na edição;
3 Escolha do aluno que irá desenvolver o Enfoquinho;
4 Criação do Radiowebjornal Enfoque Vila Brás.

Por outro lado, enquanto o Marcelo faz os ajustes necessários no projeto gráfico-editorial do Enfoque, incluindo nele o caderno, vamos escrever com referência nos tamanhos de textos abaixo descritos:

Aberturas
C/Foto: 1800 caracteres
s/fotos: a definir

Secundárias
C/Foto: 800
S/Foto: 1380

Terciárias
C/Foto: 580
S/Foto: 900

Serviços
C/Foto: 500

Abraço a todos.

3 de set. de 2009

Descaso de moradores da Brás com a própria comunidade

Como morador de São Leopoldo tive a oportunidade de vivenciar um outro lado da qual não conhecia em relação a Vila Brás. Rotulada como um lugar totalmente violento e perigoso, pude presenciar o contrário durante a manhã deste dia 29. Pensando em falar sobre a segurança do local, como é a relação dos moradores com a brigada militar, caminhei por todos os lados da vila, buscando as melhores histórias e vários pontos diferentes. Começando por um pequeno comércio, a primeira entrevistada falou sobre a amigável convivência dos moradores com a brigada militar, mas criticou, e muito, o Pelotão de Operações Especiais (POE). A partir daí procurei ir na parte mais desfavorecida, a chamada Brás III.

Enquanto eu e o colega Cristiano seguíamos pela lateral do valão, vendo a parte mais crítica do local, fomos então abordados por uma senhora que nos questionou se éramos do Enfoque. Aí pude ver o quão importante é o jornal para aquela comunidade. Ao afirmarmos que sim, ela começou a falar sobre mais um dos grandes problemas enfrentados na região e nos levou até sua vizinha, que é presidente de uma comissão que cuida dos interesses dos moradores.

Presenciamos o descaso de algumas pessoas da Brás com os próprios vizinhos. Vimos a vergonha que a senhora Terezinha Firme sentia em relação ao lixo jogado em frente a sua casa, que, segundo ela, provém dos moradores da Brás que moram mais próximos a entrada da vila. Após uma breve conversa, pegamos o telefone e já marcamos uma entrevista para a próxima edição.

Para não desviarmo-nos da nossa primeira pauta, fomos atrás das fontes para concluir a coleta das entrevistas. Após tudo estar pronto, para descontrair um pouco tomamos aquele “refri” e jogamos uma sinuca. Por sinal o resultado ficou em 1 à 1. Então já encaminhamos nossa próxima pauta e para a seguinte saída de campo já temos algo a resolver: quem vai ganhar na sinuca.

Uma visão diferente

É sempre interessante vivenciar uma realidade diferente da nossa e ouvir histórias de vida, mas ao contrário de muitos colegas não fui tão bem recebida assim por alguns moradores da Vila Brás.

Logo que chegamos saí em busca da minha pauta, entre uma quadra e outra tentei conversar com algumas pessoas, entretanto a grande maioria preferiu não falar. Um senhor disse que já havia saído na edição anterior e que não gostaria de sair novamente, outro rapaz nem me deixou falar, foi logo dizendo que não queria ser entrevistado porque tinha saído em uma edição anterior e que tinha tido problemas, entre outras abordagens.

Mas, apesar desses contratempos, consegui conversar com a minha fonte e espero que a matéria fique tão boa quanto o trabalho desenvolvido por ela.

Enfim, infelizmente a minha primeira visita não foi tão prazerosa quanto à de muitos colegas e com certeza essa foi a primeira de muitas dificuldades que ainda vou enfrentar na minha vida profissional.

Espero que a próxima visita seja melhor.

Fui conquistado pelas histórias dos moradores da Brás



Por Rodney Silva

Desde que soube que a disciplina de Projeto Experimental em Jornal, por volta do 3º semestre de curso, era fazer um jornalzinho numa vila de São Leopoldo, e ainda mais, que todos os semestres este jornalzinho era feito sempre na mesma vila, ou seja, com as mesmas pessoas, pensei: “Vou fazer esta cadeira só quando estiver saindo da Unisinos”.

Cá estou eu. No último semestre do curso de Jornalismo e matriculado na “cadeira da Vila Brás”. Apesar de adorar a professora Thaís Furtado e ter boas impressões a respeito do professor Demétrio, seus discursos sobre como seria legal e emocionante realizar a disciplina e entrar em contato com o jornalismo social, não me sensibilizaram nem um pouquinho.

Na noite em que os líderes comunitários estiveram conversando com os alunos, continuei imune e não tinha nenhum interesse em fazer o jornalzinho. A falta de vontade foi tamanha que a Thaís percebeu e me indicou uma pauta, já que não tinha a mínima ideia do que faria na Vila Brás, sábado de manhã, com previsão de 30º à sombra.

Queria era dormir no dia seguinte!

Acordei ás 5h30min da manhã e saí de Ipanema meia hora depois. Fui dormindo no ônibus e no trem. Na Unisinos encontrei colegas com sono, assim como eu, mas animados, diferentemente de mim. Já que não tinha nada a fazer, vamos encarar a Vila Brás com bom humor.

Fui conquistado pelos moradores da Brás. Gente humilde, trabalhadora, inovadora, lutadora, com boas histórias para contar e receptivos.

Acompanhado das colegas Juliana Jeziorny e Daniela Machado, conhecemos a parte sul da Vila Brás e não nos restringimos à avenida principal, exploramos as ruas adjacentes. Histórias, histórias e mais histórias...


Dezenas de igrejas evangélicas, a casa avaliada em R$ 150mil, uma oficina de bicicletas a venda que sustenta uma família, a senhora que aluga peças, a cantora de uma dupla gospel, o armazém que fica aberto até às 24h e que atrai a freguesia de bairros arredores, e dois carroceiros: um idoso e um jovem de 19 anos, pai de dois filhos, vendedor de galinhas.

Mãos a obra, pois vão faltar páginas para tantas e boas histórias INÉDITAS.

Escutar,contar e viver histórias







É impressionante o que aconteceu comigo neste final de semana. Não estava nem um pouco afim de ir até a Vila Brás, a ideia não me atraia nem um pouco.Afinal, acordar cedo no sábado, ter que ir para a Unisinos, depois ir para uma Vila que não tinha a mínima ideia que existia e que já foi visitada incansávelmente por vários outros colegas - não era legal para mim.

Até começar a caminhar lá. Fomos eu, Dani Machado e o Rodney. Tudo era novo, muita coisa nos chamou atenção nas primeiras impressões, mas nada foi melhor do que conhecer as pessoas. Uma comunidade, como o próprio professor falou, muito receptiva, conversaram, realmente abriram as suas vidas, em uma confiança digna de um trabalho responsável e dedicado.

Conhecemos histórias impressionantes -como a de um vendedor de bicicleta que quer vender a casa, pois se separou da mulher há 14 anos, mas moram no mesmo pátio. Investigamos sobre o mercado imobiliário (compra, venda, aluguéis, pessoas que ganham a vida alugando peças,...).
Mas a que mais me chamou a atenção, foi a história que encontramos num bazar. A dona é evangélica e depois de muita conversa descobrimos que ela é cantora desde pequena, já gravou um cd com músicas evangélicas (está gravando o segundo) e já fez show até na Argentina, junto com sua colega.

Acredito que para mim, depois deste sábado, muitas coisas mudaram em relação a esta cadeira. Temos um semestre inteiro para escutar, contar e viver mais histórias - e isso é o mais puro jornalismo!

2 de set. de 2009

As impressões da Brás

Impressionante como a nossa imaginação vai longe. Antes de chegar à Vila Brás, imaginava um local mais triste. Mas quando chegamos lá, vi que não era tanto assim.

A Brás é, como comentei com a colega Patrícia Spier, uma "grande família". Lá, mais de 12 mil pessoas vivem em uma harmonia quase que inacreditável, devido a deficente qualidade de vida dos moradores.

Foi uma experiência única, que deixou muitos colegas (assim como eu) impressionados.

As minhas propostas de pautas foram alcançadas. Consegui a entrevista de uma consultora de beleza, que deu dicas de cabelos e cuidados com a pele. A colega Patrícia Spier e eu entrevistamos também a dona de uma das "maiores" lojas de roupas da Brás, que falou muito sobre como a Vila conseguiu evoluir.

E a pauta de serviço ficou por conta de uma loja de conserto de celulares, que fica bem no centro da Vila.

Até sexta pessoal!

O retorno do jornalismo popular

Trabalhar em um jornal popular nos faz ver as coisas de uma maneira mais humana. Talvez seja este olhar que a jornalista Eliane Brum fale. Na verdade, não sei. Sei é que a realidade desses leitores é outra, bem diferente da nossa. Eles vivem com menos (bem menos) de um salário mínimo, têm filhos para criar, precisam conviver com o alto nível de violência dos bairros/comunidades, enfrentam filas em postos de saúde durante a madrugada para uma atendimento que não é digno e por aí afora.
O cotidiano da Vila Brás é exatamente este. Nossas experiências por lá estão recém no começo. Acredito que no final deste semestre estaremos com o sentimento de dever cumprido.
Por já trabalhar com jornalismo popular, não me surpreendi com as condições de alguns moradores da Brás. Deixo claro que não me surpreender é completamente diferente de não me comover.
Dentre as matérias que já fiz onde trabalho, tem uma que se destaca. O caso da pequena Brenda Caroline Schneider me emocionou. Aos nove anos, a menina já conhecia doença de gente grande. Além de ter um glaucoma no olho esquerdo e não conseguir abri-lo em dia de sol, a moradora de Viamão sofreu um AVC quando tinha apenas um ano e sete meses, ficando com parte das funções do cérebro comprometidas. E, para completar, sofre convulsões frequentes. O que me emocionou na situação? Foi eu ter contato a história da Brenda e, através dela, conseguir a cirurgia. O Hospital da Criança Conceição sensibilizou-se com o caso e, no dia 20 de abril, a menina passou por sua primeira cirurgia.
Precisa de reconhecimento maior que este?
Espero que a história da Diéssica, a cadeirante de 11 anos da Vila Brás, nas páginas do Enfoque renda melhorias para ela e toda sua a comunidade.
Boa sorte, galera!

Sorriso irradiante

Um dia de verão na Brás. Sol. Calor. Poeira. Depois de caminhar um bom trecho de estrada a pézito. Uma garrafa de água! UHUHUHUHU. Enquanto meu estimado colega Márcio Sardá, cordialmente, bancava a compra fiquei analisando uma menininha linda que rodeava o local. Ela estava braba, empurrando seu carrinho de carregar bonecas. Pé descalço, parecia fugir de sua mãe. Pensei: "Que fofura, quem sabe ela deixa eu tirar uma foto dela". Mas como estava inquieta achei quase impossível. Não custa tentar. "Vamos tirar uma foto?" Ela imediatamente abriu um sorriso iluminado. Fazia poses e pedia para tirar fotos de seu gracioso carrinho. Eu que amo crianças, fiquei boba, babando e rindo mais do que a modelo. E a água? Com certeza ficou para segundo ou até mesmo terceiro plano. Olhem a Gabriela, não é encantadora mesmo?

1 de set. de 2009

Entre as ruas da Brás

Descobri muito mais que as ruas da Vila Brás. Preciso mudar de lugar, mudar um conceito (como disse a Bruna aí no seu post!), e isso não é fácil. Minhas pautas não foram impactantes, mas minhas descobertas... essas foram!

Pra quem anda sem tempo de ler os livros sugeridos pelos professores (como eu), segue aí um trecho de um artigo da Márcia Franz Amaral sobre Jornalismo Popular. Vale a pena ler.


"A impressão que se tem é que o jornalismo ocupa um lugar desprovido de preocupações sociais, e a ele só cabe falar para aqueles dispostos a ouvi-lo. Entretanto, a informação jornalística não é um fim em si mesma, mas consagra-se historicamente com nobres funções sociais.


Normalmente, esquivamo-nos do debate sobre o segmento popular como se fosse impossível fazer jornalismo para um mercado popular. Esquecemo-nos que escrevemos para sermos lidos e nosso isolamento só contribui para reforçar exclusões sociais. O campo fica livre para o mau jornalismo e para o predomínio do entretenimento.

Somos especialistas em abordar o segmento popular da grande imprensa a partir da condenação: sensacionalismo, degradação, ganância, lixo cultural, antijornalismo, mas nossa postura é a de críticos externos, pois se fôssemos elencar as nossas contribuições para projetos editoriais populares, nossa fragilidade ficaria evidente. Enfim, assistimos atônitos à ditadura do leitor que, no caso dos jornais populares, assume formas específicas".


O Peter Pan da Brás


"Oh, que saudades que eu tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os anos não trazem mais". Na Vila Brás, lembrei muito deste verso de Casimiro de Abreu. Foi quando conheci Daniel, de 8 anos, que só tem duas preocupações na vida: estudar e brincar. A brincadeira preferida é subir nas árvores, como vocês podem ver na foto. No entanto, o que mais me chamou a atenção, quando conversava com ele foi o sonho, que se configura na imagem do personagem Peter Pan, o menino que não queria crescer.

Sentada no meio-fio da calçada, rodeada de outras crianças, pergunto o que ele quer ser quando for adulto. Ele, tímido, com as mãos no rosto, logo responde: "Não quero crescer. Não vou crescer". Daniel, ao contrário de muitas crianças de periferia, tem a oportunidade de viver uma das mais doces fases da vida: a infância. Não precisa trabalhar para a judar em casa e tem o direito de sonhar e escrever seu próprio futuro.

Embora seja ainda uma criança, ele reconhece as dificuldades que ele e a família enfrentam como moradores da Brás. Por isso, pensa em, um dia, poder morar em outro lugar. A vila tem um lado obscuro, o da violência, mas não é a Terra do Nunca. Enquanto isso, Daniel cumpre bem o papel do Peter Pan.

Créditos: a foto é de Amanda Fetzner, minha companheira na nossa primeira missão na Vila Brás. Valeu, Amanda!

Superação

Estar na Vila Brás para mim foi bastante emocionante. E eu digo isso graças às histórias que ouvi. Logo na chegada pedi informações sobre uma mulher que é componente do Conselho Tutelar de Novo Hamburgo e moradora da Brás. O Luiz, um dos responsáveis pela Associação dos Moradores, me indicou onde ela mora. Subi algumas quadras, e após o maior quebra-mola da vila, segundo informações do Luiz, virei à esquerda. Logo na esquina tinha uma Igreja e pessoas na frente. Pedi para eles se conheciam a mulher. O pastor da igreja confirmou e me levou até a casa dela. Infelizmente não a encontrei. A pauta caiu. Pedi então para o pastor Perci Pereira se conhecia alguma família em que a mãe tivesse problemas de dupla jornada, cuidar dos filhos e trabalhar. Foi então que ele me levou para conhecer a dona Cassiana Fontoura da Silva. Ela, com 53 anos já é bisavó. A sua história de vida é emocionante e de constante superação. Acredito que todos irão se sensibilizar com os seus relatos e farei o possível para que a minha nova pauta renda uma matéria de capa, assim como o professor Demétrio costuma nos lembrar.

Retecendo o conceito

Estamos muito acostumados a aprender Jornalismo com base nas teorias. E aprendemos, muitas vezes, decorando o que os autores nos dizem. Também somos instigados a sair das redações e ir para a rua, ao encontro das pautas. E não fazemos. Quando se trata de periferia, então, a motivação parece ainda menor. Talvez, por puro preconceito ou, ainda, por acharmos que não iremos encontrar informações que sustentem uma boa matéria jornalística.

Aos poucos, comecei a desmistificar essas ideias que, confesso, também já tive. E passei a pensar diferente, com relação ao jornalismo que foge de perguntas habituais como o quê, quem, quando, onde, como e por quê. Quando fomos à Vila Brás, no último sábado, tive a certeza de que as grandes histórias podem estar no meio de pessoas simples, que não têm medo de se mostrar, nem de abrir a porta de casa para falar um pouco de si.

Ahhh, como foi bom sentar no meio-fio da calçada para fazer algo que aquelas teorias não me ensinaram e nem vão me ensinar: a ouvir. Mesmo que tenha escutado coisas que talvez não gostasse, como a falta de segurança e de perspectiva de crianças, saí da Vila Brás satisfeita e disposta a retornar. O melhor de tudo foi ter aprendido a lição de que as verdadeiras histórias que movem o jornalismo são protagonizadas por pessoas que não têm voz e, muitas vezes, nem vez.

Uso de áudio no Blog do Enfoque Vila Brás



A entrevista acima foi realizada durante a primeira saída à Brás deste segundo semestre, sábado passado.

Ela é importante, em primeiro lugar, porque diz respeito à percepção que o presidente da Associação dos Moradores da Vila Brás, Claudemir Schüetze, tem sobre o trabalho que desenvolvemos com o Enfoque Vila Brás.

Mas também porque representa uma primeira tentativa, neste blog, de utilização de áudio na geração de conteúdo, em uma perspectiva de convergência.

Traduzindo para o português: estamos usando vídeos desde há algum tempo, em caráter experimental. Para este semestre, por exemplo,para além do que já foi feito, os colegas Pedro Föss e Bárbara Keller capturaram imagens na última saída e estão empenhados em traduzir isso em termos de telewebjornalismo.

Ou seja, estamos avançando neste ponto.

No que toca ao áudio, no entanto, só o temos utilizado acoplado às imagens, o que é uma pena. Digo pena porque o "estado da arte" do radiowebjornalismo se encontra ainda mais defasado que seu par, o telewebjornalismo, não obstante as potencialidades da web neste sentido.

A proposta é que, desde já, pensemos em coisas legais que possam ser feitas em áudio para o blog do Enfoque.

O caminho é simples, para quem quiser usar o dispositivo que usei (há muitos outros; movam-se pela curiosidade e facilidade de busca/acesso):

1 Entre no site http://www.goear.com
2 Cadastre-se. Dois ou três dados, não mais que isso.
3 Faça upload de um arquivo em mp3 (no caso, capturei as informações em uma fita analógica e o pessoal da rádio transformou em dígitos)
3 Quando o upload estiver concluído, vai aparecer uma tela com várias opções, entre elas "This song in your site:"
4 Copie o código que aparece ali e cole na tela em branco da nova postagem.

Foi o que fiz também com as duas entrevistas abaixo.

A primeira é com Miguel Jorge Filho, 50, comerciante. Para quem não lembra, é aquele senhor dos bonsais e mudas de árvores que fez a foto da saída para a gente.



Já a segunda é com a estudante de jornalismo da Unisinos Bruna de Oliveira Quadros, 22, aluna da disciplina.



Quem se habilita em pensar um formato bem bacana de radiowebjornal para o blog, com roteiro, sonoras etc?

A mesa está posta.